Sim, pelo fim da eleição direta de reitor... tal como vem ocorrendo nos últimos pleitos na UFPR neste terceiro milênio! Existe grande diferença entre a eleição do reitor e a de um político tradicional? De um deputado ou prefeito?
Não. A disputa tornou-se fortemente baseada no poder econômico que consegue reunir o candidato para sua campanha e, também com ajuda disto, na influência do marketing político-eleitoral. E nesta área de marketing o atual reitor da UFPR é professor.
As coisas não podem ficar tal como estão na consulta direta para a Reitoria.
As coisas não podem ficar tal como estão na consulta direta para a Reitoria.
Na preparação da eleição direta à Reitoria de 2012, este Blog já havia lançado para a Comissão Organizadora ao menos duas propostas a serem estudadas (clique aqui para relembrar). Para quem não lembra ou não sabe, quem organiza e executa a consulta direita é uma Comissão paritária formada por representantes das três entidades da comunidade (Sinditest, Apufpr, DCE).
Naquela ocasião, meados do primeiro semestre de 2012, a Comissão se enrolou bastante para definir as regras do jogo, e no fim de contas basicamente reeditou o regimento eleitoral da eleição de 2008, com o acréscimo da chamada "paridade qualificada" proposta pelo DCE. Os membros da Comissão alegaram então que não havia tempo hábil para inovar demais nas regras eleitorais e deixaram de lado as propostas lançadas pelo Blog NaLuta.
As duas propostas visavam a minimizar os dois fatores deletérios acima apontados: influência do poder econômico e abuso do marketing eleitoral na campanha. Votar no candidato "que lava mais branco", no "mais azul", no "sabonete mais cheiroso" é algo difícil de se aceitar numa Universidade Pública, que deveria primar pelo debate de diagnósticos de problemas, das ideias e propostas.
Para se contrapor ao poder econômico e minimizar as práticas fomentadoras de corrupção vigentes no meio político brasileiro, uma proposta que reuniu unanimidade nos setores de esquerda e progressistas foi a do financiamento público de campanhas e proibição de empresas doarem para candidatos ou partidos (uma das raízes da corrupção no Brasil).
Ora, e em uma Universidade? Numa campanha pelo cargo que irá administrar o terceiro maior orçamento do estado do Paraná, pode ser usado o financiamento privado, de amigos ricos, de empresas? Fica para as entidades pensarem sobre a possibilidade de instituir algum tipo de financiamento "público" nas campanhas dos futuros candidatos.
Ainda estamos a cerca de um ano da realização da próxima eleição de reitor, em 2016. As direções das três entidades tem tempo bastante para pensar sobre isso e chamar suas bases para refletirem conjuntamente.
Não se fez toda a luta contra a ditadura nos anos 80 dentro da UFPR apenas para poder botar uma cedulinha dentro de uma urna (aliás, cadê o sistema eletrônico?) elegendo o reitor. Ela foi feita para estimular o debate sobre que tipo de democracia universitária se quer exercitar, mas esse debate parece ter ficado pelo caminho, suplantados por corporativismos vários.
Um comentário:
QUEM FINANCIA AS ELEIÇÕES NA UFPR?
Por Ronaldo Raizer, no Blog "Mobiliza UFPR" - em 02/12/2011
Na UFPR são realizadas pelo menos quatro grandes eleições: para escolha de reitor e vice, direção do Sinditest, APUFPR e DCE. Em todas elas, o nível de disputa é elevado e os candidatos se utilizam de diversas estratégias para conquistar os eleitores.
São banners, faixas, cartazes e folders distribuídos por toda a universidade pelos candidatos e cabos eleitorais, os quais, devidamente uniformizados.
Nas eleições para Reitor, que envolvem toda a comunidade universitária, não é raro que os candidatos montem verdadeiros comitês de campanha em espaços alugados nas proximidades da UFPR. São campanhas mais estruturadas que de muitas cidades do interior do estado do Paraná. E certamente mais caras também. A pergunta é: Quem paga a conta?
Servidora deposita voto em urna no saguão da Reitoria (Foto: Arquivo ACS/UFPR)
Infelizmente, a prestação de contas das campanhas não é uma prática no nosso meio. Não recordo de nenhuma iniciativa dessa natureza nas eleições em que votei na UFPR. O máximo que se divulga são nomes de personalidades que apoiam as candidaturas e que poderiam lhe dar credibilidade.
Mas os financiadores, esses são guardados a sete chaves. Os regulamentos das eleições também são omissos nesse aspecto, não a havendo normatização interna que obrigue os candidatos a prestar contas dos gastos de campanha.
A regulação da obrigação de prestar contas das campanhas ajudaria a evitar situações como a descrita pela presidente eleita do Sinditest, Carla Cobalchini.
Segundo Carla, ” […] ao longo desses anos, a assessoria [jurídica] contratada teve uma relação corrupta com as gestões do sindicato. A assessoria bancava as campanhas de algumas chapas e, quando estas ganhavam, assinavam um contrato com essa assessoria que bancou”.
Seria um avanço gigantesco para a democracia interna da UFPR que se exigisse dos candidatos uma previsão de gastos e de fontes de recursos no ato de sua candidatura, e a prestação de contas ao final do processo.
Um mecanismos simples que contemplasse receitas e despesas no qual fossem identificados os fornecedores e financiadores. Nas eleições para reitor, por exemplo, isso seria fácil de ser implantado, uma vez que a regulamentação do processo é feita pela Comissão Eleitoral Paritária a cada novo pleito.
E estamos às vésperas de um processo eleitoral: é o momento de se discutir o assunto.
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