-->

sábado, 29 de agosto de 2015

Pelo fim da eleição direta de reitor na UFPR...

Sim, pelo fim da eleição direta de reitor... tal como vem ocorrendo nos últimos pleitos na UFPR neste terceiro milênio! Existe grande diferença entre a eleição do reitor e a de um político tradicional? De um deputado ou prefeito?

Não.  A disputa tornou-se fortemente baseada no poder econômico que consegue reunir o candidato para sua campanha e, também com ajuda disto, na influência do marketing político-eleitoral.  E nesta área de marketing o atual reitor da UFPR é professor.

As coisas não podem ficar tal como estão na consulta direta para a Reitoria.

Na preparação da eleição direta à Reitoria de 2012, este Blog já havia lançado para a Comissão Organizadora ao menos duas propostas a serem estudadas (clique aqui para relembrar).  Para quem não lembra ou não sabe, quem organiza e executa a consulta direita é uma Comissão paritária formada por representantes das três entidades da comunidade (Sinditest, Apufpr, DCE).

Naquela ocasião, meados do primeiro semestre de 2012, a Comissão se enrolou bastante para definir as regras do jogo, e no fim de contas basicamente reeditou o regimento eleitoral da eleição de 2008, com o acréscimo da chamada "paridade qualificada" proposta pelo DCE.  Os membros da Comissão alegaram então que não havia tempo hábil para inovar demais nas regras eleitorais e deixaram de lado as propostas lançadas pelo Blog NaLuta.

As duas propostas visavam a minimizar os dois fatores deletérios acima apontados: influência do poder econômico e abuso do marketing eleitoral na campanha.  Votar no candidato "que lava mais branco", no "mais azul", no "sabonete mais cheiroso" é algo difícil de se aceitar numa Universidade Pública, que deveria primar pelo debate de diagnósticos de problemas, das ideias e propostas.

Para se contrapor ao poder econômico e minimizar as práticas fomentadoras de corrupção vigentes no meio político brasileiro, uma proposta que reuniu unanimidade nos setores de esquerda e progressistas foi a do financiamento público de campanhas e proibição de empresas doarem para candidatos ou partidos (uma das raízes da corrupção no Brasil).

Ora, e em uma Universidade? Numa campanha pelo cargo que irá administrar o terceiro maior orçamento do estado do Paraná, pode ser usado o financiamento privado, de amigos ricos, de empresas?  Fica para as entidades pensarem sobre a possibilidade de instituir algum tipo de financiamento "público" nas campanhas dos futuros candidatos.

Ainda estamos a cerca de um ano da realização da próxima eleição de reitor, em 2016.  As direções das três entidades tem tempo bastante para pensar sobre isso e chamar suas bases para refletirem conjuntamente.

Não se fez toda a luta contra a ditadura nos anos 80 dentro da UFPR apenas para poder botar uma cedulinha dentro de uma urna (aliás, cadê o sistema eletrônico?) elegendo o reitor.  Ela foi feita para estimular o debate sobre que tipo de democracia universitária se quer exercitar, mas esse debate parece ter ficado pelo caminho, suplantados por corporativismos vários.

Um comentário:

Ronaldo Raizer disse...

QUEM FINANCIA AS ELEIÇÕES NA UFPR?
Por Ronaldo Raizer, no Blog "Mobiliza UFPR" - em 02/12/2011


Na UFPR são realizadas pelo menos quatro grandes eleições: para escolha de reitor e vice, direção do Sinditest, APUFPR e DCE. Em todas elas, o nível de disputa é elevado e os candidatos se utilizam de diversas estratégias para conquistar os eleitores.

São banners, faixas, cartazes e folders distribuídos por toda a universidade pelos candidatos e cabos eleitorais, os quais, devidamente uniformizados.

Nas eleições para Reitor, que envolvem toda a comunidade universitária, não é raro que os candidatos montem verdadeiros comitês de campanha em espaços alugados nas proximidades da UFPR. São campanhas mais estruturadas que de muitas cidades do interior do estado do Paraná. E certamente mais caras também. A pergunta é: Quem paga a conta?


Servidora deposita voto em urna no saguão da Reitoria (Foto: Arquivo ACS/UFPR)

Infelizmente, a prestação de contas das campanhas não é uma prática no nosso meio. Não recordo de nenhuma iniciativa dessa natureza nas eleições em que votei na UFPR. O máximo que se divulga são nomes de personalidades que apoiam as candidaturas e que poderiam lhe dar credibilidade.

Mas os financiadores, esses são guardados a sete chaves. Os regulamentos das eleições também são omissos nesse aspecto, não a havendo normatização interna que obrigue os candidatos a prestar contas dos gastos de campanha.

A regulação da obrigação de prestar contas das campanhas ajudaria a evitar situações como a descrita pela presidente eleita do Sinditest, Carla Cobalchini.

Segundo Carla, ” […] ao longo desses anos, a assessoria [jurídica] contratada teve uma relação corrupta com as gestões do sindicato. A assessoria bancava as campanhas de algumas chapas e, quando estas ganhavam, assinavam um contrato com essa assessoria que bancou”.

Seria um avanço gigantesco para a democracia interna da UFPR que se exigisse dos candidatos uma previsão de gastos e de fontes de recursos no ato de sua candidatura, e a prestação de contas ao final do processo.

Um mecanismos simples que contemplasse receitas e despesas no qual fossem identificados os fornecedores e financiadores. Nas eleições para reitor, por exemplo, isso seria fácil de ser implantado, uma vez que a regulamentação do processo é feita pela Comissão Eleitoral Paritária a cada novo pleito.

E estamos às vésperas de um processo eleitoral: é o momento de se discutir o assunto.