Na verdade, assuntos com essa dramaticidade não poderiam ser tratados com tanta gana. E a busca por culpados deveria ser criteriosa, até porque essa ansiedade acaba, fatalmente, levando aos “suspeitos de sempre”, ou seja, ao pessoal da enfermagem.
Esses jornalistas aí, supostamente valentes, não têm peito pra apontar o dedo para o diretor clínico, o médico-chefe da cirurgia ou a mercantilização da medicina. Preferem, claro, bater no auxiliar de enfermagem.
Porém, quem já passou por cirurgias pesadas, UTIs e longas internações pensa diferente. Nessas horas, a relação com o médico é pontual (na cirurgia, na retirada dos pontos e pouco mais). Quem mantém a pessoa viva e a anima, literalmente, é o pessoal do porão.
Por isso, nessas horas de denuncismo-chulo contra esses profissionais, que pegam pesado, moram longe, ganham mal, convivem cotidianamente com a dor e o sofrimento, eu me coloco como testemunha de defesa do trabalho duro, do empenho, do amor à camisa e, especialmente, da paciência e do respeito devotados ao doente.
Aliás, assim que o Câmera Aberta Sindical voltar ao ar [programa do grupo da Agência Sindical, de SP], ao vivo, vamos fazer um programa especial – e esclarecedor – com o pessoal da enfermagem, mostrando sua formação profissional (deficiente ou não), sua rotina, suas condições de trabalho e de salário e suas reivindicações, como a redução da jornada para 30 horas, conforme projeto de lei em andamento.
Eu me recuso a brigar com os fracos e a atirar pedra em quem tem poucas chances de se defender. Por isso, o programa que apresento dará voz – como sempre fez ao longo desses quase sete anos – a quem trabalha duro, salva vidas e tem o direito de mostrar que presta um serviço vital à saúde do próximo.
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Fonte: João Franzin, da Agência Sindical
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