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sexta-feira, 26 de junho de 2015

Uma assembleia não-estatutária de prest..., não, de imposição de contas

O pastor evangélico Néris de Souza tinha seu rebanho fiel.  A pastora trosco-morenista(*) Carla Cobalchini tem também seu rebanho, fiel e disciplinado. Ontem, no RU central, cerca de meia centena de pessoas se comportaram segundo o figurino obediente exigido pelo PSTU que controla o Sinditest. Aprovaram por ampla maioria, sem pestanejar, as prestações - atrasadas - das contas dos exercícios financeiros de 2013 e 2014.  Os poucos votos contrários e abstenções vieram da Oposição Sindical e de quem não se deixou convencer pela performance dos oradores Carlistas que clamaram pela mera homologação das contas, sem debate nenhum.

O processo, contudo, foi fora dos dispositivos do Estatuto do próprio sindicato e, fosse uma entidade de fato séria, e o movimento mais consciente de seus direitos, invalidaria tudo.   Antes de explicar por quê, uma breve digressão sobre o significado do Estatuto sindical.

O Estatuto foi objeto de muita polêmica nos últimos meses.  Todos no movimento do Sinditest - Diretoria e Oposição Sindical - concordam na necessidade de reforma do velho Estatuto registrado em 1994. Divergem profundamente no método de como fazer essa mudança e no conteúdo dela.  Porém, fato é que, se o Estatuto é assim tão importante, é para ser seguido à risca, certo?  Transparência e prestação regular dentro do prazo estatutário das contas são uma obrigação, não um favor da Diretoria, certo?

Não para o PSTU, que domina de cabo a rabo a máquina do Sinditest.  Ele mudou como quis o Estatuto, primeiro numa farsa chamada de "congresso" em novembro/2014 (com direito a assembleias-fantasmas e atas inventadas).  Depois, abordando dezenas de artigos, numa assembleia de greve de pouco mais de uma hora, imediatamente antes de um churrasco no mesmo salão da assembleia, cujos odores de comida pronta e carne assada certamente fizeram os 500 presentes em 29/05/2015 focarem ainda mais a "atenção" no debate dos artigos do Estatuto...   Eis a "democracia operária" da pastora Carla.

A irregularidade maior, é claro, está na própria data de realização da prestação de contas. O Art. 10 do Estatuto tão enaltecido manda que se faça assembleia ORDINÁRIA de prestação de contas até o dia 31 de março de cada ano, versando sobre o exercício imediatamente anterior.  O exercício financeiro de 2013 é examinado até março de 2014; o de 2014 é visto até março de 2015.  Isto foi desobedecido, pois esta "assembleia de prestação de contas" se deu com atraso de 15 meses para 2013 e de 3 meses para 2014.  Uma assembleia também não pode analisar dois exercícios na mesma ocasião.

Outra notória irregularidade: diz o Estatuto (Art. 10, Par. único) que a assembleia de prestação de contas deve ser presidida pelo Conselho Fiscal.  Na mesa dirigente, ontem, no RU, estavam dois membros do CF 2012-13 (Valter Maier e Soraya) e 3 membros do CF 2014-15 (Vitor, Célia e João), mas quem presidiu a assembleia foi a pastora Carla, presidente da Diretoria do Sinditest.  Ora, bobagem, trata-se de "vírgulas" do Estatuto, conforme menosprezaram o texto do estatuto dois diretores do sindicato.

"Vírgulas" desprezíveis do estatuto também a perda do prazo de março, a demora em apresentar as contas e o descumprimento de prazos que a própria Diretoria estabeleceu em reunião de 22 de setembro de 2014, feita com o ex-presidente do CF 2014-2015 que, de tanto se sentir enganado e não-atendido para ver documentos contábeis, renunciou ao CF antes do fim do ano passado. 

O advogado do Sinditest, Dr. Avanilson - contratado sem licitação por ser do PSTU como a pastora Carla - informou que, em meados de 2012, entrou com uma ação judicial contra o ex-presidente Wilson Messias e o ex-tesoureiro Jonas Pinto (gestão 2010-2011, da qual a pastora também fez parte; veja foto de 2009 ao lado).  Por quê?  Porque até hoje eles não apresentaram nenhum relatório final de gestão nem prestaram contas do exercício de 2011.  

Quase certamente, podemos supor que, em seu arrazoado para justificar a ação contra Messias e Jonas, ele se baseou em dispositivos do Estatuto referentes ao tema, como os artigos 10, 20 e outros.  Havendo suspeita de irregularidades nessas contas de 2011 e possíveis danos ao sindicato, podem também ter sido convocados artigos da CLT, como o 552, que fala em malversação de recursos, dilapidação de patrimônio e crime de peculato.

Pois é, fez muito bem, neste caso, o Dr. Avanilson.  Curioso é que a mesma argumentação em uma ação judicial assim contra Messias também serve para os atrasos das gestões 2012-13 e 2014-15 comandadas pela pastora Carla!!  Ah, mas isso são "vírgulas" desprezíveis do texto do Estatuto, contestam os iluminados diretores atuais do Sinditest. Claro, a chefe deles está com o rabo preso lá atrás também!

Segundo o advogado do Sinditest, a ação contra Messias e Jonas continua correndo.  Esperamos que a ação seja bem sucedida e eles tenham que apresentar suas explicações...

E de quem a culpa quase total da demora das contas de 2013 e 2014?  Acharam o PSTU e seus acólitos atuais um bode expiatório apropriado, o ex-contador do Sinditest (desde 2003), Ewerton Teixeira, que teria "escondido" a contabilidade de 2013 e 2014 em local não-sabido.  Bode assim é bom, porque o ex-contador (que só saiu do Sinditest mesmo em dezembro/2014) hoje está em São Paulo e não estava na assembleia, podia ser chicoteado à vontade, sem direito de defesa.


Por falar em direito, a superdemocrática Mesa diretora nem direito de resposta deu ao servidor "Paraná", vítima de acusação mentirosa de um diretor do sindicato cujo nome é melhor deixar na sarjeta da história.  Direito de resposta não é inscrição normal para falar sobre o assunto da pauta, é para a pessoa atingida em sua honra pessoal poder replicar, e não precisa durar mais que um minuto.  A Mesa falaciosamente submeteu a voto do rebanho, digo, do plenário, abrir ou não mais falas, distorcendo o tipo de pedido de "Paraná" e obviamente o reban..., digo, o plenário, por maioria, censurou o direito de resposta.

Houve mais alguns absurdos nessa assembleia não-estatutária de contas de ontem, e possivelmente delas comentaremos em outras postagens.  Basta finalizar dizendo que, de suposto evento para examinar - e debater com respeito e democraticamente - os valores de receitas, despesas e sua adequação, aquilo se tornou novamente picadeiro para os "donos da verdade" do (baixo) clero da pastora Carla assacarem seus ataques pessoais, calúnias, rotulações pejorativas e autoproclamações bombásticas de hipercombatividade revolucionária, como comício de greve fosse.  Quer dizer, adeus ao objeto da pauta.  Nesses termos, impossível levar a sério a intenção anunciada pela vanguarda da vanguarda da vanguarda da vanguarda da vanguarda....  
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(*)Referência aos gurus teóricos do trotsquismo morenista que inspira o PSTU: o russo Leon Trotsky e o argentino Nahuel Moreno.

Um comentário:

Rita de Cassia disse...

Contas servidas com linguiça e farofa são mais fáceis de engolir