Um dos editoriais do jornal
Gazeta do Povo de ontem (“A agonia do Hospital de Clínicas”) escreveu bobagens
sobre problemas da área de Saúde e da crise do HC. O editorialista gazeteiro deu uma forcinha ao
corporativismo cego de certas entidades da categoria médica no afã de combater
o programa federal que está levando médicos para localidades que nunca viram um
estetoscópio em uso. Para isso, utilizaram
a recente crise de falta de pessoal do Hospital de Clínicas da UFPR, obrigado a
fechar 94 leitos.
Não é preciso falar sobre
diversos problemas de nosso SUS, de insuficiência de recursos a problemas
gerenciais e também de pessoal. Mesmo
assim, quando a assistência privada falha, é para o SUS que muitos brasileiros
acorrem, tenha ou não estrutura razoável para prestar assistência.
Mas é na tecla da “falta de
estrutura”, das condições de trabalho, que os corporativistas
insistem em bater para se opor ao Programa “Mais Médicos”. E, do alto de suas impávidas certezas,
encastelam-se imóveis, não se importando se lá no grotão do interior tem uma gestante
precisando de orientação pré-natal básica, uma criança com diarreia
necessitando de uma simples reposição de soro caseiro, um idoso requerendo
controle de sua hipertensão. “Enquanto
não tiver estrutura, ninguém se mexe” para ir às localidades desassistidas,
vocalizam os corporativistas. Isto é, o povo que se dane e fique esperando,
doente e desorientado, até que a situação “ideal” se configure conforme os critérios
dos corporativistas.
No entanto, qualquer estudante de
medicina da segunda metade do curso já sabe que é possível cuidar da ampla
maioria dos problemas de saúde com recursos simples, típicos da atenção
primária à saúde e da Medicina de Família.
Coisa que, aliás, os médicos vindos de Cuba sabem fazer muito bem. Com isso, impede-se que um problema
frequentemente banal piore e se torne um caso que venha requerer assistência
nos níveis mais complexos secundário e terciário, onde, aí sim, é preciso de
fato ter mais estrutura, como em ambulatórios especializados e em hospitais como
o HC.
Ora, como pode então o sabichão
editor da Gazeta do Povo confundir as relativamente simples necessidades
estruturais do nível primário de atenção à saúde, área por excelência da
atuação dos profissionais do “Mais Médicos”, com requisitos maiores e mais complexos de um nível
terciário, que é o do HC da UFPR? Só por
má fé, e por oposicionismo militante desse jornal da grande burguesia
paranaense. Misturam alhos com bugalhos
propositalmente, com fins políticos.
O governo federal, por seu turno,
no caso dos hospitais universitários, força a barra para sua adesão ao controle
pela EBSERH, retendo recursos e não realizando concursos para novos servidores
estatutários. Isto é claro. Disso decorre a atual crise de fechamento de
leitos do HC e outros problemas. A
prosseguir assim, a situação lentamente piorará no HC. É uma queda de braço entre a Universidade e a
EBSERH, ligada ao MEC. Não se pode
prever seu desfecho imediato e as entidades tem lutado contra o advento da EBSERH.
Mas não venha o jornalão burguês
de Curitiba misturar as coisas e fazer politicagem com a crise do HC para
atacar um programa federal que é bem visto por toda a população carente e
desassistida do país. Palhaçada.
2 comentários:
Nao entendo porque a Gazeta ficar contra o programa dos médicos pro interior, pra onde nenhum médico do Brasil quer ir.
E também acho que problema do HC nao tem a ver com isso do Mais Medico.
A Gazeta não poupa esforços pra inventar argumentos e confundir os leitores. Vale tudo pra ser do contra.
A falta de pessoal pra levar adiante o trabalho no HC é exatamente o oposto do que eles dizem.
Postar um comentário