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quarta-feira, 16 de outubro de 2013

Luta por transporte coletivo decente conduz à ocupação da Câmara de Vereadores de Curitiba


Desde a tarde de ontem, entidades e militantes agrupados na Frente de Luta Pelo Transporte de Curitiba (FLPT) tomaram as dependências do plenário da Câmara de Vereadores, pressionando o poder público municipal (principalmente a Prefeitura) pelo atendimento de suas justas reivindicações.  Cobra-se a anulação dos contratos com os empresários do transporte coletivo, a estatização da URBS, o passe-livre e a redução da tarifa do ônibus de R$2,70 para 2,25.  O prefeito Gustavo Fruet disse que só toma alguma posição definitiva depois do pronunciamento do Judiciário.  

Neste momento está ocorrendo do lado de fora da Câmara manifestação de apoio à ocupação.  Leia a seguir uma Nota assinada pelas entidades que ocupam a sede do parlamento curitibano:


"Hoje um passo muito importante foi dado na luta pelo passe livre e pela redução da passagem de ônibus em Curitiba. A Câmara Municipal de Curitiba está ocupada pelo movimento de luta pelo transporte público.

Os 30 mil que foram às ruas em junho obrigaram a Câmara Municipal para que fosse criada uma CPI do transporte público. Essa CPI, juntamente com a investigação do Tribunal de Contas do Estado do PR, descobriu diversas irregularidades nos contratos com a URBS. Foi confirmado o que o movimento já sabia: um cartel domina o transporte público, lucrando ilegalmente em cima de nossos direitos. O prefeito Gustavo Fruet vacila e não toma uma posição a favor do povo. Com isso, a Frente de Luta pelo Transporte (FLPT) foi chamada para falar hoje, dia 15 de outubro, como informante na CPI.

Nesta sessão, falamos do histórico do movimento pelo transporte em Curitiba e apresentamos nossas perspectivas e expectativas frente às denúncias feitas pelo TCE e pela própria CPI. Expomos também nossas demandas – a anulação imediata dos contratos vigentes, a redução da tarifa para 2,25 e a implantação do Passe Livre para estudantes e desempregados – e estas foram muito bem recebidas pelos vereadores, que se prontificaram a diligenciá-las. No entanto, sabemos o papel diplomático de 'amigos do povo' costumeiramente cumprido pelos parlamentares, fazendo belas promessas que nunca se cumprem.

A CPI demonstrou não fugir à regra do que geralmente acontece na 'casa do povo', produzindo discursos que não anunciavam medidas práticas. Diante dessa clara necessidade da pressão popular para que as coisas avancem, a FLPT decidiu em assembleia democrática aberta e horizontal realizada na própria câmara por iniciar a ocupação.

Reivindicamos com a ocupação que o prefeito Gustavo Fruet se posicione verdadeiramente com relação ao relatório do TCE, deixando claro se está do lado do povo ou do cartel do transporte de Curitiba, e que venha negociar com a FLPT. Exigimos também que o decreto e o projeto de lei apresentados pela Frente sejam votados imediatamente na câmara de vereadores.

Nesse momento a ocupação necessita de solidariedade de todos os movimentos sociais, como moções de apoio, notas, comidas etc. Estamos organizando também um acampamento em frente à câmara para que aumente o apoio e a pressão em cima do prefeito.

A força da luta nos trouxe até aqui. Lutamos nas ruas e chegamos à câmara. Agora na câmara, nossa luta continua! Que essa ocupação reavive o movimento e inspire a luta por todo país, para que assim conquistemos o passe livre nacional e a redução da tarifa."

Assinam esta nota: Frente de Luta Pelo Transporte (FLPT), Coletivo Quebrando Muros, PSOL, PSTU, ANEL, Coletivo Anarquista Luta de Classes (CALC), PCB, USC, CAP (Centro Acadêmico de Psicologia – UFPR), CAFIL (Centro Acadêmico de Filosofia – UFPR), CACS (Centro Acadêmico de Ciências Sociais – UFPR), CAHIS (Centro Acadêmico de História – UFPR), Frente de Esquerda do Direito – UFPR, DANC (Diretório Acadêmico Nilo Cario), PAR, SISMAC, Coletivo Outros Outubros Virão, Grêmio Sagel, Pró-Grêmio Avelino Antonio Vieira, Rompendo Amarras, UJS, UPE, UPES, Somos todos Guarani Kaiowá Curitiba
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Atualização às 20h30: segundo fonte participante da ocupação, os manifestantes conversaram novamente com os vereadores e deixaram a Câmara no final da tarde de hoje, prometendo prosseguir em novos atos de pressão pela anulação dos contratos da Prefeitura com os empresários do transporte, além de fazer ajustes no Projeto do Passe-livre estudantil.

Um comentário:

Rita de Cassia disse...

Movimento com foco é produtivo.