Eram quatro amigos na escola média de Paranaguá. Completamente galvanizados em sua incandescência hormonal adolescente pela fascinação irradiada pela colega Lívia. A casa dela fazia fundos com a casa de um dos quatro amigos, e todos ansiavam que ela trocasse de roupa, no fim da tarde, com a janela aberta. Ela trocava...
Então, no fundo do quintal, diante da casa de Lívia (a mais de 60 metros), ali se postaram os quatro amigos como soldados à espera de abertura do flanco do inimigo, com sua poderosa luneta, na vigia pelo grande momento em que Lívia se despiria. Ela o fez, na verdade sem maiores exposições corporais, mas bastava para o quarteto de admiradores juvenis.
Passada a sessão voyeurista sobre mulheres, um deles pediu emprestada a luneta. Dispensou os colegas, e, depois da meia-noite, subiu ao telhado de sua casa, sob revoada de morcegos vindos do frondoso pé de cajá. Ali posicionado, esticou a luneta para contemplar as estrelas, de onde talvez uma delas descesse para iluminar sua baça existência. Viu alguns meteoros cadentes, metaforicamente atravessando-lhe o peito ansioso. Dispensou as lentes, aguçou os olhos do coração e ficou ainda mais apaixonado por sua Maria do Rocio.
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