A ideia de democracia acaba de ser
reinventada na Folha, pelo filósofo Luiz
Felipe Pondé, que costuma gastar papel com “dicas” para jovens liberais
“pegarem mulher” nas universidades. O grande pensador agora lança a tese da
“secessão política”, não entre São Paulo e o Nordeste (será mesmo?) mas entre
os que votaram em Dilma
Rousseff e os que não votaram.
Por Fernando Brito, no Blog Tijolaço
“Precisamos de uma militância de
secessão: que os bolivarianos (sic) durmam inseguros com o dia seguinte, porque
metade do país já sabe que eles não são de confiança”.
Sensacional, isso deveria ser
objeto de análise nas universidades. Neste conceito, metade dos norteamericanos
sabem que Barack Obama “não é de confiança”, metade dos franceses, dos
italianos, dos portugueses, dos alemães…
A ideia de Pondé é a de que o
governo eleito pela maioria é apenas o governo desta parte, enquanto a outra o
“suporta”. Suporta, em termos.
Como devem agir os jovens liberais
naqueles momentos em que não estiverem ocupados seguindo os conselhos do
Professor Pondé tentando “pegar mulher” em desvantagem com os charmosos
esquerdistas, que as assediam, segundo ele, com “um pouco de vinho barato, quem
sabe, um baseado? Um som legal, uma foto grande do Che (aquele assassino
chique) na parede”?
Devem praticar a “secessão política
cotidiana em todo lugar onde algum bolivariano quiser acuar quem recusar a
cartilha totalitária petista”.
Segundo Pondé, esta cartilha
petista está levando a “perseguições
escondidas a profissionais de diversas áreas (…) fazendo com que eles percam o
emprego ou fiquem alijados de concursos e editais”. “Alijados de concursos e
editais”?
Não posso crer que alguém tenha
posto algo no cachimbo do professor para fazer uma afirmação destas.
Mas acho que ele deveria pegar –
desculpe a palavra, professor – para assistir ao velho filme de Stanley Kubrick
e ver como está ficando parecido com o “Dr. Fantástico”, impagável personagem
de Peter Sellers.
À parte o delírio macartista de
Pondé, que em tese é problema exclusivamente seu, dá para perceber o ódio e a
intolerância que esta sub-intelectualidade está incutindo nas pessoas?
Ou imaginar o açulamento que
produzem sobre uma juventude que deveria, ao contrário, ser estimulada ao
debate racional e não à “secessão política cotidiana” seja lá ao que for:
esquerda, direita, negros, brancos, héteros, paulistas, nordestinos, gays,
cristãos, judeus, seja lá qual for o rótulo com que se queira reduzir a
complexidade humana?
Não, o professor Pondé não
reinventou a ideia de democracia. Ao contrário, recorreu a uma ideia bem
antiga, que andou em voga nos anos 30 e 40 do século passado, onde se praticava
a “secessão política cotidiana” marcando
gente com a estrela de David.
Um comentário:
Os eleitores de Dilma ou são vendidos, ou são ignorantes ou são desonestos, ou são miseráveis ou todas as anteriores.
Eles, os pilar da moral e dos bons costumes sabem que são a parte sábia, pensante, honesta e virtuosa. Repugnante e ao mesmo tempo revelador é constatar que boa parte das pessoas pensa exatamente assim.
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