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sexta-feira, 22 de novembro de 2013

Zaki Akel vai rever decisão sobre EBSERH?

Como sabemos, o Conselho Universitário da UFPR tomou decisão sobre repassar o Hospital de Clínicas ao controle da EBSERH, recusando o contrato com a nova empresa pública de direito privado criada para gerir os hospitais universitários.  Candidato à reeleição em 2012, o reitor Zaki Akel declarou ser, naquela ocasião, contrário à EBSERH (apesar da versão original do PDI feito sob orientação de seu vice-reitor alguns meses antes).

No entanto, a cada dia torna-se mais exasperante a crise do HC, onde há carência crescente até de itens básicos de limpeza, sem falar na insuficiência de servidores, cujo quadro vai minguando sem reposição.  A intenção é mesmo criar uma situação insustentável que force a Universidade a se atirar nos braços da EBSERH como única saída.  Até o jornal Gazeta do Povo aparenta estar empenhado nesse sentido.

Ontem (21/11), pela manhã, uma assembleia de servidores técnico-administrativos realizada no pátio da Reitoria, acompanhada também por alguns docentes e alunos, debateu esse caos e indicou a intensificação de mobilizações em defesa do HC, contra a EBSERH, que pode chegar ao ponto da convocação de uma greve.  Receia-se que o reitor paute o tema HC/EBSERH na sessão do Conselho Universitário marcada para 28/11, e então proponha a revisão da decisão de recusa da empresa.

Na avaliação de Astrid D'Ávila, ex-presidente da APUFPR, ouvida ontem por este blogueiro, não haveria condições políticas para o reitor arriscar-se a propor a reconsideração do decidido no CoUn sobre a EBSERH.  Além disso, diz ela, tem pipocado denúncias de mau uso de recursos públicos por gestores da EBSERH em HU's de Universidades que aderiram à empresa, o que desmontaria o argumento de gestão mais eficiente e correta.

As entidades reunidas ontem pretendem fazer mobilizações internas e de sensibilização do povo de Curitiba e do estado sobre esse grave problema.  Querem conclamar para que todos se unam em torno da proposta de que a saída para a crise do HC está no que se defende há tempos: abertura de concurso público para repor pessoal via RJU e destinação de mais recursos públicos ao hospital a serem geridos no âmbito da UFPR e não de qualquer estrutura externa.

Mais de uma vez, e desde a tomada de conhecimento da versão original do PDI, alertamos que o sentimento íntimo de dirigentes com visão administrativista/gerencialista, como os que comandam hoje a UFPR, aponta na direção da EBSERH.  Se o reitor ousará confrontar as entidades da comunidade para mudar a rota do HC, veremos nas próximas semanas ou meses.  

Um comentário:

Observador Politico disse...

Esta questão do EBSERH senhores leitores deste blog e interessados no assunto:
É sabido que os hospitais universitários federais acumulam déficit anual de milhões de reais, mas a questão é: qual a causa de tal problema? Seriam os valores defasados da tabela do Sistema Único de Saúde (SUS)? Seria a falta de reposição de profissionais trabalhadores da saúde, que na maioria das vezes com a ausência de concursos são substituídos por profissionais contratados (terceirizados) sem garantias trabalhistas e com baixíssima remuneração? São questionamentos que devemos levar em conta sempre.
Sem dúvidas há necessidade de um novo modelo de gestão, mas não há um consenso sobre qual é o melhor, sendo assim antes da contratação dos serviços da EBSERH é necessário discutir profundamente a relação ônus e bônus de tal decisão. Os problemas de financiamento e de modelo de gestão não serão resolvidos como em um passe de mágica, já que a falta de recursos financeiros e humanos são os principais impasses.
Pois bem, a pretérita mudança gestão chama mais atenção é pelo controle EBSERH pois este não ficara sob responsabilidade do SUS ou algum outro órgão governamental, aliás, o foco de importância é desviado de servir melhor a população. Além desse agravante, os trabalhadores passam de um vínculo estatutário, adquirido através de concurso público para um vínculo CLT, onde pode ser admitido e demitido de acordo com o desejo da administração. A porta de entrada para os serviços passam a serem os convênios de saúde e as pesquisas e equipamentos, de posse privada, ou seja, o que interessará mesmo é o lucro dos gestores.
Agora pergunto: se entregarmos os serviços públicos aos empresários como fica a qualidade da assistência, os direitos dos trabalhadores da saúde e qualidade da assistência? Sem dúvida é um tema polêmico. Merece discutirmos ampla e democraticamente, nos informarmos, e aí sim nos posicionarmos de forma responsável.