Prestamos homenagem ao Dia da Consciência Negra, nesta quarta-feira, 20/11, através da figura de um negro brasileiro, lutador em todos os sentidos, Osvaldão, que tombou em defesa da liberdade, por uma pátria soberana e democrática, nas selvas do Araguaia.
Osvaldo Orlando da Costa, cidadão negro de quase dois metros de altura e pesando uns 100 kg, nasceu em Passa Quatro (MG). Foi morar no Rio de Janeiro, onde foi campeão de boxe pelo Botafogo e chegou a ser tenente do Exército. Engenheiro formado em Praga, na antiga Checoslováquia, era inteligente, gostava de dançar e tinha um bom humor inconfundível.
No filme "Araguaya, a conspiração do silêncio", de Ronaldo Duque, um pouco do bem-humorado e combativo Osvaldão pode ser visto através da interpretação do ator Northon Nascimento.
Em meados dos anos 60, sua aguçada sensibilidade social levou-o ao Partido Comunista do Brasil (PCdoB). Com a instalação da ditadura militar em 1964, e a repressão comendo solta nas cidades, o PCdoB deslocou um contingente de militantes para o sul do Pará, em torno do rio Araguaia, a partir de 1967. Osvaldão logo se ofereceu à duríssima empreitada de construir uma área de resistência política e armada no Araguaia. Ali atuou como garimpeiro e mariscador, para não levantar suspeitas, ao mesmo tempo que organizava camponeses para a luta contra o latifúndio e treinava a atividade guerrilheira nas matas.
Sua disciplina e coragem levaram-no a ser comandante do Destacamento B da guerrilha – posto que exerceu até o fim da luta (terminada exatamente com seu assassinato, em janeiro de 1975). Osvaldão foi o último guerrilheiro a cair. Faminto, sem armas e sem munição, doente e nu, foi surpreendido numa roça de milho por um grupo de soldados. Quem atirou, porém, foi um mateiro de nome Arlindo Piauí, contratado pelo Exército por ser conhecedor da área. Morto com uma bala de espingarda no coração, o gigante negro foi amarrado a um helicóptero, pelos pés, e exibido como um troféu à população pobre, que o apoiava. Depois, teve a cabeça cortada. Seus restos mortais nunca foram encontrados. Ele tinha 34 anos.
Assassinado – assassinado sim, porque estava desarmado no momento do encontro fatal – Osvaldão não teve tempo de esboçar reação ou dizer uma última palavra. O corpo tombou na direção de um remanso e o sangue tingiu o rio. Apesar das inúmeras tentativas de apagar o nome de Osvaldão da história brasileira, ele figura ao lado de Zumbi, Solano Trindade, Patrice Lumumba, Martin Luther King e de tantos outros heróis negros que dedicaram suas vidas a uma causa coletiva e nobre.
2 comentários:
Que tenhamos um dia dedicado à raça negra, tudo bem, pois em muito contribuiu para a formação do povo brasileiro e até hoje não tem seus direitos plenamente reconhecidos.
No entanto, a novela do feriado tem me incomodado bastante. Não pelas questões econômicas, obviamente, mas por entender que existem maneiras bem mais importantes e sérias para se homenagear pessoas e raça que nos foram tão caras.
Num Brasil em que se paga salário 36% mais baixo para um negro, lutar para transformar um dia em feriado é homenagem suficiente?
Teve deputado estadual que foi à Brasília pra tentar revogar o voto da Assembléia Legislativa e garantir que Curitiba tivesse feriado...ora, minha gente, por que não aproveitou pra garantir que se cumpra efetivamente a Constituição e se pague salários iguais?
Esta, para mim, uma garantia e uma homenagem muita mais válida, mais coerente e mais inteligente, menos demagógica.
Pior de tudo: ainda hoje, mais cedo, qunado estava no trânsito, recebi um jornal onde a manchete era: " SEM FERIADO, MOVIMENTOS SOCIAIS PROPÕEM BOICOTE AO COMÉRCIO".
Na hora pensei: Nossa, mas estão se vendendo barato...só por um feriadinho...
Com tanta cultura pra mostrar, com tanta luta pra fazer, com tanta desigualdade pra combater ainda...
A questão é o feriado!!!
Eita "nóis"!!!
Bom será o dia em que o negro for tratado exatamente como o polaco, o italiano o japonês e todas os outros grupos que tiveram grande importância na nossa história.
Postar um comentário