Em campanha por sua reeleição à Reitoria, no segundo semestre de 2012, o reitor Zaki Akel jurava de pés juntos, perfilando ao lado do Sinditest, que a nova empresa EBSERH não entraria na UFPR para gerir o HC. Uma moção contra a EBSERH chegou a ser parida pelos membros do Conselho Universitário (CoUn), com aval do reitor. No entanto, sempre pairou dúvida sobre a sinceridade dessa postura do professor de Administração que ocupa o comando da administração da mais antiga Universidade brasileira.
Por que a dúvida? Porque no primeiro semestre daquele mesmo ano, a equipe do mesmo reitor produziu um documento chamado "Plano de Desenvolvimento Institucional (PDI), apontando metas e caminhos para o quinquênio seguinte. No anexo sobre hospital-escola desse PDI constava em claras linhas que a criação da EBSERH (Empresa Brasileira de SERviços Hospitalares) era tida como uma "oportunidade" para o HC. Questionado sobre o tal Anexo no CoUn, ele foi sutilmente retirado da versão final do PDI. Mas a dúvida ficou plantada.
Reagudizada a crise do HC neste semestre inicial de 2014, Zaki Akel parece finalmente ter "descido do muro", passando a defender sem mais rodeios a concessão da gestão do HC à nova empresa pública de direito privado, como informam matérias de hoje do jornal Gazeta do Povo e de outros veículos.
Segundo o texto da Gazeta, o reitor diz que "a situação especialmente do HC chegou ao limite. Por isso, segundo ele, passou-se a articular um contrato de adesão à EBSERH. 'Estamos elaborando um programa de administração compartilhada. Não podemos permitir que deixe de ser um hospital-escola, com garantias de que as pesquisas serão mantidas e com um número adequado de funcionários, podendo até aumentar para 600 leitos ativos', ressaltou Akel".
Continua o jornal informando que "segundo o reitor, a situação financeira do HC está comprometida. Há uma dívida de R$ 10 milhões. 'Contraímos uma dívida de R$ 1 milhão por mês', diz. Com a EBSERH, a expectativa é de que a situação melhore. A proposta deverá ser apresentada e votada pelos integrantes do Conselho até 19 de junho".
Conforme comentários via Facebook do conselheiro técnico-administrativo no CoUn Daniel Mittelbach, há controvérsia sobre a data em que Zaki Akel (re)colocará o tema EBSERH na pauta do conselho superior da UFPR. Há uma sessão do CoUn marcada para 5 de junho próximo mas, a princípio, a pauta não prevê a EBSERH nos debates.
O interessante do novo quadro é que agora pelo menos as posições estão claras. Haverá duro e tenso embate entre setores do CoUn (a começar do reitor) pró-EBSERH e o movimento sindical, contrário desde que a nova empresa foi aprovada no Congresso Nacional.
O Sinditest, responsável local pela greve nacional da FASUBRA, em cuja pauta a rejeição da EBSERH está inclusa, anunciou para a manhã de 26/05 uma reunião de organização do ato contra a EBSERH, previsto para 5 de junho. Curioso é terem marcado tal reunião para a sede do Sinditest, quando o QG da greve continua sendo o RU Central.
Há vários anos atrás, entrevistado num programa da rádio CBN, o ex-reitor da UFPR José Henrique de Faria disse que o CoUn sempre foi um conselho homologatório de decisões da Reitoria, jamais confrontaria o reitor em questões da vontade do principal mandatário. A conferir, mais uma vez, a opinião do ex-reitor Faria.
2 comentários:
Ha, e agora tem mais essa nitícia da Gazeta de hoje que mostra que pra turma da Funpar a garantia de emprego continua a perigo. Olha o que o reitor dise pra Gazeta:
HC vai propor substituição gradual de funcionários
A Universidade Federal do Paraná irá propor à Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh) para que seja formalizado em contrato um prazo para que os 916 funcionários da Fundação da UFPR (Funpar) continuem atuando no Hospital de Clínicas. A ideia é realizar, até 2018, a gradual substituição desses trabalhadores. O Conselho Universitário deve deliberar sobre a adesão ou não à empresa estatal antes do início da Copa do Mundo, dia 12 de junho, ou seja, em até duas semanas. O prazo estipulado pelo Tribunal Regional do Trabalho é até o dia 19 do próximo mês.
Segundo o reitor da UFPR, Zaki Akel Sobrinho, o objetivo é assegurar que a maioria dos trabalhadores da Funpar permaneça no HC até a aposentadoria. “Vamos propor que o contrato de adesão à Ebserh explicite o prazo que eles ficarão no hospital. São profissionais de difícil substituição”, afirma. Ele explica que essa substituição seria realizada por escalas, ou seja, aqueles que se aposentarem ao longo desse período deixariam o quadro da instituição. “Não temos ainda a certeza de que a Ebserh irá aceitar essa proposta”, diz.
Akel calcula que até 2018 pelo menos 60% dos funcionários da Funpar já terão se aposentado. “Para os demais a gente irá, pelo menos, ofertar um curso preparatório a partir de julho para ingressar no HC através do concurso público da Ebserh”, explica.
Caso o Conselho Universitário aprove a adesão à empresa estatal, o concurso público deverá ser realizado em outubro. O processo seletivo deverá ser aberto para um total de 2.063 servidores – sendo 1.540 para o HC e 523 para a Maternidade Victor Ferreira do Amaral. A quantidade de vagas foi baseada no déficit de funcionários diagnosticado pela Ebserh. “O modelo de contrato que articulamos perante a Ebserh será de gestão compartilhada, que irá assegurar as pesquisas realizadas no HC e o perfil de hospital-escola”, reforça o reitor.
Com os novos funcionários, o hospital pretende reabrir os 139 leitos desativados – de um total de 550 – e colocar em atividade outros 110 leitos, totalizando 660 vagas. “Vamos abrir leitos de alta complexidade, que geram mais receita via SUS, como oncologia, psiquiatria, ortopedia e neurocirurgia.”
Dívida
A dívida de R$ 10 milhões gera dificuldades ao HC. Segundo Akel Sobrinho, em algumas oportunidades faltou verba para a compra de suprimentos – fato que já havia sido revelado por funcionários em outras oportunidades. O reitor explica ainda que a instituição gasta mais do que recebe. “Isso inviabiliza algumas compras. Conversei com o Ministério da Educação e devemos conseguir sanar o problema em poucos meses.”
Parece que á decisão foi tomada há bastante tempo e agora estão fazendo os ajustes finais. Quanto ao pessoal Funpar fica bem claro que a adesão a empresa não é condicionada a sua permanência no HC.
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