O 17o.
Congresso da União da Juventude Socialista (UJS), com o tema “Amar
e mudar as coisas”, começou nesta quinta-feira (22), em Brasília.
A entidade espera receber mais de 3 mil jovens de todos os estados
brasileiros, cumprindo variada programação. Já no ato político de abertura os militantes mostraram
a que vieram, homenagearam os revolucionários da Guerrilha do
Araguaia e exigiram a revisão da Lei da Anistia, com a identificação
e punição dos torturadores da ditadura militar. As atividades
seguem até domingo (25).
“Hoje, nós da União
da Juventude Socialista estamos reunidos na cidade de Brasília para
fertilizar mais uma vez o solo brasileiro com os nossos sonhos. Há
30 anos estamos caminhando e plantando neste país as sementes de uma
sociedade mais justa, igualitária, desenvolvida e livre. Uma
sociedade com a cara da sua juventude, com vontade de transformação,
uma sociedade que quer ir mais longe. Estamos aqui hoje representando
cada um dos 27 estados para fazer história mais uma vez. O
socialismo tarda, mas a nossa luta não falha. Que comece agora o 17º
Congresso da UJS”, afirmou o presidente da entidade, André
Tokarski, no ato de abertura.
O ato aconteceu na tenda
“Osvaldão”, em homenagem ao herói negro da Guerrilha do
Araguaia. Todas as tendas do congresso este ano levam o nome de um
revolucionário. Há também os espaços Anita Garibaldi, Dina, Che
Guevara, João Amazonas, Loreta Valadares e Luís Carlos Prestes.
A homenagem aos
guerrilheiros do Araguaia também foi feita com músicas, o cantor e
compositor Itamar Correa apresentou a canção “Xambioá”, e
emocionou os jovens socialistas. Outro ponto que chamou a atenção
foi a “Terrinha do Araguaia”, os participantes foram presenteados
com um pequeno frasco cujo conteúdo é a terra da região do
Araguaia, trazida diretamente de Xambioá.
“Essa é a terra
pura do Araguaia, que nós deixamos como lembrança do nosso passado
e inspiração para o futuro. Foi nesse chão, no interior selvagem
do Brasil, que aconteceu um dos maiores episódios de resistência
popular da história brasileira”, explicou André.
Para celebrar a abertura
oficial do Congresso, foram convidados para participar da mesa “Tarda
mas não falha: em defesa da Justiça, memória e Verdade” um dos
oito sobreviventes da Guerrilha do Araguaia, Zezinho do Araguaia; o
cineasta comunista Vandré Fernandes; a pós-doutoranda da UFPI,
Deusa de Sousa; a ex-dirigente da UJS e neta de Luis Carlos Prestes,
Ana Maria Prestes; e a ex-mulher do comandante, Maria Prestes.
“Quem não conhece a
história do Brasil, deve se aprofundar nas lutas políticas que aqui
foram travadas. É preciso ler, é preciso entender as raízes de
todas as nossas desigualdades. Não tenham vergonha de discutir a
realidade. Esse Congresso é uma das portas para alcançar esse tipo
de conhecimento”, afirmou Maria Prestes.
Zezinho do Araguaia,
um sobrevivente
Sorriso fácil, fala
mansa e semblante sereno, embora sejam visíveis as marcas dos 76
anos de idade, grande parte deles vividos na clandestinidade. Este é
Micheias Gomes de Almeida, também chamado de Zezinho do Araguaia, um
dos mais de 80 codinomes usados por ele para fugir da repressão, mas
que também o tornou conhecido e até hoje visto como um herói no
norte de Tocantins.
Zezinho (foto ao lado) é um dos oito
sobreviventes da Guerrilha do Araguaia, movimento político armado
que tentou derrubar a ditadura militar nos anos 1970. Ele participou
de vários combates em três anos de militância armada. Só em 1997 pode usar seu
verdadeiro nome. Antes, por questões de sobrevivência, usava nomes
e documentos falsos. Mas não se arrepende. “Minha vida toda
defendi a liberdade do meu país. Eu vivo com isto e a Guerrilha do
Araguaia foi um movimento de amor pela liberdade. Minha vida é
pautada nessa luta”, disse o guerrilheiro.
Zezinho foi um dos
precursores da Guerrilha do Araguaia, onde chegou em 1971 para
participar da preparação militar dos guerrilheiros e só saiu
depois das últimas batalhas no Pará, Goiás e no Maranhão. Antes
de se despedir do 17º Congresso da UJS, Zezinho fez um pedido aos
jovens socialistas: “Vocês são os operários da ciência e do
desenvolvimento. Depois desse encontro, peço que continuem a luta
das mulheres guerrilheiras que queriam que os estudantes fossem
reconhecidos como trabalhadores da ciência. Essas mulheres tombaram
em busca desse ideal. Eu não posso fazer muito, mas estou com vocês
nessa batalha”.
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Fonte: Portal Vermelho
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