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quarta-feira, 2 de julho de 2025

O que acontece depois que a IA destruir a capacidade de escrita na Universidade?

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O fim de artigos originais escritos em inglês encerrará uma longa tradição intelectual, mas também é uma oportunidade para reexaminar o propósito do ensino superior [excerto de matéria da revista novaiorquina]

Hua Hsu - The New Yorker * 01/07/2025

Em uma tempestuosa quinta-feira de primavera, logo depois das provas de meio de período letivo, fui comer um macarrão com Alex e Eugene, dois estudantes de graduação da New York University, para saber deles como usam a IA (Inteligência Artificial) nos trabalhos de escola. Quando primeiramente encontrei Alex, no ano passado, ele estava interessado em seguir carreira em Artes e devotava uma porção de seu tempo livre para tirar fotos com seus amigos. Porém, ele tinha recentemente se decidido por um caminho mais prático: queria se tornar um CPA (Contador profissional). Suas quintas-feiras eram bem ocupadas, e ele tinha só 45 minutos até a próxima sessão de estudos da turma de contabilidade. Ele ajeitou seu skate debaixo de um banco do restaurante e puxou seu laptop da mochila, conectando-se à internet antes que tomássemos nossos assentos.

Alex tem cabelos ondulados e fala numa cadência ritmada de alguém que passou bastante tempo na Bay Area de São Francisco. Ele e Eugene olharam o menu, e Alex disse que queria um caldo simples, sem temperos, "assim podemos ambos manter nossos cuidados com a pele". Semanas antes, eu havia mandado uma mensagem, e ele tinha dito que todo mundo que ele conhecia usava o ChatGPT de alguma maneira, mas que ele utilizava somente para organizar seus apontamentos. Pessoalmente, ele admitia que isso não era nem de longe verdade. "Para qualquer tipo de necessidade de escrita na minha vida, eu uso IA", disse ele. Ele se apoiava no Claude [um dos diversos LLM - Grandes Modelos de Linguagem - existentes no campo das IA]para pesquisas, no DeepSeek para argumentação e explicações, e no Gemini para geração de imagens. O ChatGPT servia mais para necessidades gerais. "Eu preciso da IA para mandar mensagens para garotas", brincou ele, imaginando uma versão aprimorada de IA do Hinge [um aplicativo online para marcar encontros]. Perguntei se tinha usado IA para acertar nosso encontro. Ele riu e respondeu: "Honestamente, sim. Mas não estou tentando digitar tudo. Conseguiu perceber?"