Para que serve reunir os filiados de base de uma entidade sindical? Apenas para passar informes gerais e/ou de alguma área específica de interesse, como a jurídica? Para mera homologação, através de um levantar de mão, de uma decisão já previamente tomada no âmbito estrito da Diretoria do sindicato? Ou para que os associados tenham a oportunidade de se encontrar para trocar livremente opiniões sobre temas relevantes à categoria, argumentar e contra-argumentar, com base em ideias, sobre o melhor caminho ou luta a adotar conforme a conjuntura que se apresentar?
A depender da mais recente assembleia geral do Sinditest, chamada para a última 6a.feira, 21/03, no Anfiteatro 100 do Edifício D. Pedro I, e segundo o que ali se presenciou quanto à postura da atual direção da entidade, parece que as finalidades seriam apenas as duas primeiras opções acima referidas.
A pauta dessa assembleia era essencialmente o informe sobre a Plenária recente da FASUBRA e alguns indicativos de mobilização nela apontados, bem como sobre, finalmente, a aprovação no Congresso Nacional da Lei Orçamentária Anual 2025, pelo que finalmente o reajuste salarial de 9% poderá ser repassado aos servidores federais no próximo mês. Nas falas sobre essas informações, contudo, pôde-se tomar conhecimento de que persistem pendências sobre cumprimento pelo governo federal de diversos pontos do Acordo da Greve nacional de 2024, para o que haverá nova rodada de negociações em 28/03.
E que, por causa desses pontos pendentes e da data de nova mesa negocial em 28/03, para esta data a Plenária da FASUBRA indicou um Paralisação Nacional de 24 horas de todas as bases dos TAE do país, como forma de pressão. Além disso, também que se fizesse às bases a consulta para um indicativo de entrada em "estado de greve", como outro elemento buscando incidir sobre as negociações.
Ora, tudo bem, não fosse o equivocado encaminhamento dado pela Mesa dirigente (composta por Antonio Néris, presidente da mesa, Ivandenir Pereira e Márcia Messias, todos diretores do Sinditest). Abrindo o ponto sobre a deliberação acerca desses indicativos, o dirigente Néris com patente desfaçatez encaminhou para imediata a votação pela plenária os indicativos de paralisação em 28/03 e entrada em estado de greve, sem qualquer debate prévio entre os presentes.
Nesse meio tempo, o dirigente sindical Ivandenir tomou a palavra e fez pronunciamento infeliz ao atacar indiretamente, embora sem dar nomes, pessoas da base que seriam "covardes" diante das lutas postas.
Contra o encaminhamento pretendido pela Mesa se insurgiu o membro da base Valter Mayer, que repetidamente pediu uma questão de ordem, sendo solenemente ignorado pela Mesa. Valter insistiu e, irritado com aquela postura da Mesa, partiu para cima de Antonio Néris agarrando-lhe com força o microfone. Néris e Ivandenir resistiram "em defesa do microfone" e iniciou-se cerca de um minuto de um lamentável cabo-de-guerra físico entre a Mesa e Valter, perante o olhar aturdido da plenária.
Minimamente serenados os ânimos, Néris voltou a encaminhar a votação imediata sobre paralisar ou não atividades em 28/03, que foi apoiada pela maioria numa assembleia de cerca de 50 pessoas, mas com vários votos contrários e uma abstenção, seguida de declaração de voto.
Quem se absteve foi o editor deste Blog, justificando sua posição em função de não ser admissível tratar o emprego de um instrumento de luta sério e sempre de difícil execução - como paralisações e greves - sem um mínimo debate de prós e contras, ou mesmo de posições intermediárias, além de criticar a fala do membro da mesa que atacou, com grave desqualificativo, colegas da base com os quais se pretende que ajudem a construir o movimento, independentemente de se estar numa diretoria ou na base.
Diante do desolador cenário instalado depois desses fatos conflituosos, passíveis de provocar erosão na indispensável unidade que os/as trabalhadores/as precisam forjar entre si para enfrentar patrões com alguma chance de sucesso, e da conspícua falta de mobilização da base (o número baixo de presentes à assembleia é um parâmetro), não se pode alimentar esperança de que haja movimento de algum vulto na base dos TAE da UFPR.
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