Qualquer um que já sofreu miseravelmente prostrado numa cama, assolado por dores musculares e calafrios, já provavelmente se perguntou por que ficamos febris quando adoecidos. Mas os cientistas não sabem com certeza se a febre é um desafortunado subproduto da infecção ou se realmente ela nos ajuda a combater o agente patogênico. Recentemente, um estudo sugere que temperaturas elevadas ajudam a entender melhor como as células imunes se comportam - para o bem e para o mal.
Pesquisadores investigaram como as células brancas do sangue (leucócitos) chamadas células T, que realizam boa parte do "trabalho sujo" na destruição de patógenos, reagem frente a diferentes temperaturas acima do nível normal do corpo. Quando a equipe do estudo elevou o termostato para 39 graus Celsius, observou que as células T reguladoras, que atuam como um freio na resposta imune, silenciavam, enquanto os "guerreiros" imunológicos mais ardorosos - as chamadas células T CD4 - aceleravam sua atividade e proliferação. Isso significa que as células que mais ativamente lutam contra a infecção ficam mais poderosas ao fazerem-no - exatamente o que você iria querer estando adoecida por alguma causa.
O lado negativo, no entanto, é que o calor elevado estragava as mitocôndrias das células T auxiliadoras, as quais apoiam as células T CD4, tornando-as mais propensas a produzir moléculas que podem danificar o DNA. Isto é, o calor - seja o da febre, ou de sua mais localizada contrapartida, a inflamação - pode estimular alterações cancerosas, especula a equipe desse estudo. "Um pouco de febre é bom, mas febre muito alta é ruim", diz o co-autor da pesquisa, Jeff Rathmell.
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Fonte: Science Immunology - 20/09/2024
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