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quarta-feira, 29 de abril de 2020

Sobre a Nota Técnica da UFPR acerca da pandemia da SARS-CoV-2

Imagem microscópica do coronavírus depositando suas proteínas invasoras
 (em vermelho) sobre receptores ECA-2 na membrana da célula vítima

A UFPR publicou ontem "Nota Técnica" acerca de novas medidas referentes ao trato com a pandemia do novo coronavírus (SARS-CoV-2), segundo a qual se estuda uma possível flexibilização das medidas de suspensão das atividades acadêmicas e administrativas, no sentido de certa retomada da vida "normal" da instituição.  

Desde março deste ano, a UFPR determinou uma interrupção dessas atividades até pelo menos o começo do mês de maio, tendo por base aconselhamentos do pessoal da área da Saúde e orientações da OMS (Organização Mundial da Saúde).  Não obstante, existem pressões para que a suspensão de atividades seja flexibilizada, ou "recalibrada", mas seguindo sempre dados epidemiológicos da evolução da pandemia.

Ao final da Nota da UFPR, encontra-se um link para um artigo da revista norte-americana "Science", cujo resumo vai abaixo traduzido.  O texto não chega a ser tranquilizador e fala de continuidade da vigilância epidemiológica ao menos até 2024.

O artigo tem por título "Projetando a dinâmica de transmissão da SARS-CoV-2 no período pós-pandemia".  Segue o resumo traduzido: 

"É urgente compreender o que reserva o futuro quanto à transmissão da Síndrome Respiratória Aguda Grave, relacionada ao coronavírus-2 (SARS-CoV-2). Empregamos estimativas de sazonalidade, imunidade e trans-imunidade para os betacoronavírus OC43 e HKU1 a partir de séries temporais nos EUA para informar um modelo de transmissão da SARS-CoV-2. Projetamos que surtos de inverno recorrentes da SARS-CoV-2 provavelmente ocorrerão depois da onda inicial mais severa da pandemia. À parte outras intervenções, uma métrica-chave está em avaliar o sucesso do distanciamento social como elemento crítico em caso de superlotação das instalações de cuidados intensivos. 

Para evitar essa situação-limite, o distanciamento social prolongado ou intermitente pode ser necessário até 2022. Intervenções adicionais, incluindo aumento das unidades de tratamento intensivo e algum tipo de tratamento efetivo, melhorariam o sucesso do distanciamento intermitente e apressariam a “imunidade de rebanho”. Estudos sorológicos longitudinais são muito necesssários para determinar extensão e duração da imunidade contra a SARS-CoV-2. Mesmo que sobrevenha a aparente eliminação da pandemia, a vigilância contra a SARS-CoV-2 deve ser mantida pois uma retomada dos contágios pode acontecer até 2024." 

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Fonte: Revista Science, edição de 14/04/2020
DOI: 10.1126/science.abb5793 
Autores/as: Stephen M. Kissler, Christine Tedijanto, Edward Goldstein, Yonatan H. Grad, Marc Lipsitch. 
Imagem: Revista Nature (28/04/2020)

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