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domingo, 3 de abril de 2011

Um pouco de história: recordar o março golpista de 1964 e suas causas

O título do editorial do jornal Correio da Manhã que circulou no dia 31 de março de 1964, há exatamente 47 anos, sintetizou numa palavra o desejo da elite brasileira naquele dia: "Basta!". No dia seguinte, 1º de abril, o jornal repetiu a dose: "Fora!". A mídia vinha entoando um coro muito bem afinado contra o governo do presidente João Goulart e incitando o golpe.

A Folha de S. Paulo do dia 27 de março de 1964, em editorial intitulado "Até quando?", indagou: "Até quando as forças responsáveis deste país, as que encarnam os ideais e os princípios da democracia, assistirão passivamente ao sistemático, obstinado e agora já claramente declarado empenho capitaneado pelo presidente da República de destruir as instituições democráticas?" O jornal O Estado de S. Paulo do dia 14 de março disse: "(...) Depois do que se passou na Praça Cristiano Ottoni (...), após a leitura dos decretos presidenciais que violam a lei, não tem mais sentido falar-se em legalidade democrática, como coisa existente."


No dia anterior, cerca de duzentas mil pessoas participaram do famoso comício da Central do Brasil, no Rio de Janeiro, no qual foi anunciado que o presidente acabara de assinar, no Palácio das Laranjeiras, o Decreto da Supra (Superintendência da Política Agrária), que propunha um plano de desapropriação dos latifúndios improdutivos acima de 500 hectares, por interesse social. O presidente mexeu num vespeiro. No dia 19 de março de 1964 — dia de São José, padroeiro da família — mulheres ricas paulistas lideraram a "Marcha da Família com Deus pela Liberdade", incitando ao golpe militar. Em nome da família, de Deus e da liberdade o movimento estava defendendo os interesses terrenos dos latifundiários, banqueiros e industriais.

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Fonte: Fundação Mauricio Grabois

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