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quarta-feira, 21 de agosto de 2024

Pode a toxina de uma lesma marinha mortal tratar diabetes?


As lesmas cônicas podem parecer bonitas, mas é melhor admirar de longe os belos padrões de suas conchas. Estas lesmas marinhas venenosas estão entre os mais tóxicos animais do planeta, capazes de paralisar e matar um ser humano com uma única picada de seus dentes em forma de arpão.

Pode este veneno mortal ser usado para o bem? De acordo com uma nova pesquisa, as lesmas cônicas podem ter a chave para tratar diabetes e distúrbios hormonais - condições patológicas que às vezes são fatais.

No passado, cientistas já tinham experimentado usar o veneno da lesma cônica para achar alternativas menos viciantes aos opioides ou para desenvolver melhores tratamentos para diabetes. Agora, em um novo estudo, os pesquisadores relatam que o cone geográfico - a espécie mais venenosa das lesmas cônicas - produz uma toxina que imita, ou mimetiza, o hormônio humano somatostatina, que evita que o açúcar no sangue do organismo suba a níveis perigosos. A toxina da lesma cônica, chamada consomatina, também reduz a glicemia, permitindo à lesma rapidamente atordoar sua presa. 

Conforme se verificou, a consomatina é realmente mais estável e atinge o açúcar do sangue e os hormônios mais precisamente do que sua contrapartida humana, fazendo dela um modelo ideal para o design de medicamentos. Ao passo que a toxina propriamente dita é perigosa demais para ser usada como tratamento, o estudo de sua estrutura química pode ajudar pesquisadores a projetar medicações mais efetivas para diabetes e outras patologias endócrinas. "Os animais venenosos tem, através da evolução, componentes venenosos de sintonia fina para atingir um alvo particular na presa e derrubá-la", explica a autora sênior Helena Safavi em um release para a imprensa. Estas misturas venenosas comumente acabam sendo relevantes nas doenças, fornecendo um "atalho" para os pesquisadores. O importante autor Ho Han Yeung coloca de outra maneira: "As lesmas cônicas são mesmo realmente boas químicas".
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Fonte: ScienceAdviser de 21/08/2024

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