José Sestelo adverte: o sistema de saúde está se tornando mais caro, sem ser mais eficiente. Infiltração do sistema suplementar no SUS torna a situação mais complexa, e precisa ser revista com urgência – também para diminuir o tamanho do sistema privado.
Outra Saúde/Outras Palavras - 27/07/2023
Terminada a pandemia, a retomada da demanda por atendimento privado colocou a saúde suplementar numa sinuca. De 2022 para cá, as margens de lucro são tão exíguas que mal se pode dizer que existem. E isso desemboca num fenômeno que para alguns especialistas já era previsível: o aumento da judicialização da relação entre seguros e seus usuários. Como resposta, as empresas desenvolveram uma tática nefasta: a suspensão unilateral de planos de clientes que demandam tratamentos mais caros.
Como se pode acompanhar nas notícias, o expediente parece avançar no país. E enquanto tenta criar uma lei de regulação dos planos de saúde, tema que já acumulou mais de 270 projetos no Congresso Nacional, o Estado brasileiro parece patinar na regulação de um setor que cada vez mais se nega a entregar o que promete, em meio a um contexto onde a concentração de capital é cada vez maior.
“Eu penso que as estruturas oficiais de regulação não acompanharam as mudanças estruturais que ocorreram no setor e ainda estão organizadas para fazer frente e analisar uma moldura do final dos anos 1990, início dos 2000, o que atualmente não existe mais”, explicou José Sestelo, autor do livro "Crise global e sistemas de saúde na América Latina", lançado em 2022. “Portanto, realmente temos um problema de macrorregulação que precisa ser enfrentado. E na prática o que tem-se observado é que os grandes grupos econômicos oligopolizados têm uma enorme margem de controle sobre o funcionamento do setor”, alerta.
Em entrevista ao Outra Saúde, o doutor em saúde coletiva corrobora a visão de outros críticos do setor, que confluem para a noção de que o atual modelo de negócios da saúde privada brasileira é insustentável. Como explica, a negação de atendimento ao usuário e a consequente judicialização desta relação se tornaram mecanismo já normalizado de fechamento das contas.
Leia a entrevista completa aqui
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Fonte: coluna Outra Saúde do site Outras Palavras
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