Primeira investida do “Centrão” contra o ministério da Saúde foi afastada. Mas todo cuidado é pouco, num ambiente político regredido. Por isso, lideranças da Frente pela Vida começam a debater os passos seguintes.
Outra Saúde - Seção do site Outras Palavras
“Não senti uma ameaça por dois motivos: tem um novo sujeito coletivo em cena, que é o movimento social da saúde, de base social e ampla que a do sanitarismo tradicional e que inclui movimentos sociais de origens diversas e até externos à Saúde. Pela sua multiplicidade e base nacional, e por ter sido formado no período recente de luta pela reconstrução do país, é muito forte. Está ativo e vigilante, o que é percebido pelos atores políticos”. Na tarde desta segunda-feira (19/6), quando a cobiça do “Centrão” pelo ministério da Saúde parecia contida, Túlio Franco, um dos coordenadores da Frente pela Vida (FpV) analisou assim a turbulência dos dias anteriores e as perspectivas para a luta em defesa do SUS.
Os fatos pareciam lhe dar razão. Horas antes, em entrevista, o ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, colocara uma pedra nas especulações sobre a possível substituição da ministra Nísia Trindade. Disse que em momento algum o comando de Nísia esteve em risco. Mas foi simpático com Arthur Lira, presidente da Câmara e líder do bloco fisiológico, a quem inocentou em suas intenções de se apoderar do ministério mais ativo do governo.
Como cautela não faz mal a ninguém cabe compreender o que afinal motivaria tal pressão. Razões para o “Centrão” desejar o ministério não faltavam, como Outras Saúde já destacou. No entanto, o episódio serve para mostrar uma correlação de forças mais favorável aos defensores do SUS do que historicamente se viu.
E não se trata apenas de consciência política, pois, como Túlio Franco lembrou, Lula viu de perto o surgimento desta mobilização em torno da defesa do sistema público de Saúde. “O movimento construiu uma história ao lado próprio presidente. Ela foi marcada na Conferência Livre, Popular e Democrática de Saúde, que envolveu milhares de pessoas, culminou em 5 de agosto e teve, em seu ato final, a presença do presidente – então candidato”. Túlio prossegue: “Vencemos a eleição, participamos da transição, comemoramos a indicação da ministra Nísia e estamos em várias estruturas de participação social do governo. Isso também legitima o movimento e o ministério da forma como está constituído, sob forte compromisso com a construção do SUS e da democracia. Tudo isso forma uma base social forte e sólida, que protege a Saúde contra os arroubos fisiológicos”.
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