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domingo, 20 de outubro de 2024

Vômito versus cocô

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Meu finado amigo João Batista contemplava lá de cima, do céu, o inextricável cenário eleitoral do 2. turno de Curitiba. Na nuvem a seu lado, o também falecido reitor Ocyron, que alcunhava Batista, nas sessões do Conselho Universitário da UFPR, de “o intrépido gozador”, também assistia àquela menoscabável disputa.

Aparecendo-me em sonho, com seu infalível martelinho na mão, Batista me expôs a metáfora comparativa que vai a seguir.

“Imagine, caro velho amigo Nitsche”, começou Batista, “que você tenha que tomar uma decisão sobre uma situação desagradável. Você tem que tomar alguma decisão. Para você comer, diante de si tem uma porção de vômito e uma porção de fezes, e tem que decidir quanto a qual dessas inefáveis porções excrementais optar para deglutir.”

“Que asco, Batista! Não dá para aceitar fazer escolhas nessa situação!”, eu replico.

“Eu sei, amigo Nitsche”, retruca Batista. “Mas, aqui, não importa por quais constrangimentos, você está obrigado a assumir uma opção – sair correndo para longe, com nojo e fechando as narinas com a mão; olhar para as opções e negar-se peremptoriamente a fazer uma escolha; optar por uma das desagradáveis porções sobre as quais moscas já sobrevoam. O que você decide?”, cobra o Batista.

“Ah, Batista, agora me confundiu…”, fico eu redarguindo entre muxoxos.

“Reflita amigo: Eduardo Pimentel é o vômito. Cristina Gremlins é o cocô.  Ambos dejetos do organismo, um saindo por cima e outro saindo por baixo. Se você sair correndo para longe, isso é não ir votar no dia 27. Se você meramente se recusar a uma decisão, isso é seu voto nulo. Então, a tomada de posição racional é comer o vômito, que, aliás, tem no meio um resto semidigerido de salsicha(*). E, claro, recusar de plano a bosta dita durinha, embora possa até aparentar estar meio cheirosa. Entendeu?”

“Meu velho Batista, confesso que não alcancei o significado do gesto pelo vômito! Mixplica!”

“Ora, pense nos conteúdos das duas porções nojentas. Um vômito é constituído por alimentos semidigeridos, suco gástrico demolidor (enzimas, ácido clorídrico) e pouquíssimas bactérias viáveis por causa da ação desse suco derretedor. O cocô, por sua vez, além de representar a sobra inservível dos alimentos ingeridos, é constituído por grande massa apenas de muitos milhões de bactérias, tanto as boas como as patogênicas, as quais, se comidas, podem causar um problemão para o organismo. Assim, o vômito seria menos perigoso que a bosta. Fica mais claro?”

“É, assim posto, parece mais claro e lógico”, entrego-me eu, no sonho, rendendo-me à racionalidade do meu finado amigo Batista. “Mas que é nojento, é!”

E Batista: “Pois é, mas quando a política não é percorrida por numerosos traços nojentos?”
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(*)A salsichinha no meio do vômito corresponde à figura asquerosa do mega-reacionário Paulo Martins, candidato a vice de Pimentel.

quarta-feira, 16 de outubro de 2024

Por que precisamos tomar reforços da vacina da COVID tão frequentemente

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Imagem de microscópio do vírus da COVID-19

Pessoas que tomaram múltiplas doses vacinais para COVID mas também se infectaram com o SARS-CoV-2 (vírus causador da COVID) possuem a mais robusta imunidade contra a doença. Mas mesmo essas podem ainda sofrer surtos de COVID-19, e crescentes evidências sugerem que não é meramente porque o virus desenvolve variantes que enganam um sistema imune já instruído. Um novo estudo sugere que um pouco conhecido tipo de célula imune na medula óssea desempenharia papel importante nesta falha.

Pesquisadores descobriram que pessoas que receberam doses repetidas das vacinas de RNA mensageiro (mRNA) para COVID-19, e, em alguns casos contraíram a infecão com o SARS-CoV-2, falharam bastante em criar células produtoras de anticorpos chamadas células plasmáticas de vida longa (LLPCs, na sigla em inglês). Muitas respostas imunes diferentes ajudam a nos proteger contra o vírus, mas anticorpos circulantes jogam papel crítico, e a equipe de pesquisa liderada pelos imunologistas Frances Eun-Hyung Lee e Doan Nguyen sugerem uma maneira de elaborar vacinas que produzem mais LLPCs e, por sua vez, proteção mais duradoura.

Na produção de LLPCs, como a destilação de liquor, requer-se diversos passos. O processo começa quando células B “inocentes” encontram um virus ou um pedaço dele, tal como a proteína de superfície do SARS-CoV-2 codificada pelas vacinas de mRNA e exposta nas células humanas. O espaçamento entre as proteínas do “espinho” ('spikes'; o vírus parece um porco-espinho esférico) da superfície do vírus ou uma célula humana afeta o destino subsequente da célula B: se os “espinhos” estão bem próximos, os receptores em formato de Y das células B podem fazer um”link cruzado” com duas proteínas virais, o que leva à formação de LLPCs. Mas o SARS-CoV-2, por sua vez, tem largamente espaçado mais os “espinhos” em sua superfície, o que dificulta o link cruzado.

O ponto de partida é que isso pode ajudar a “evitar as lacunas”: se as vacinas de COVID-19 apresentaram “espinhos” com menor espaço entre eles, isso poderia levar a níveis mais altos de LLPCs e proteção mais duradoura. “A má notícia é uma falha das próprias vacinas mRNA anti-SARS-CoV-2 - com ou sem infecções naturais – em induzir formação de LLPCs na medula óssea”, diz Nguyen. “A notícia boa é que esta falha, em si, provê oportunidades de pesquisa para achar um jeito de mudar para melhor o destino de vacinas de curta atuação.”
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Entre Gremlin(s) e 'Pimentel no dos outros é...'

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Viemos de assistir a um patético debate, promovido pelo Grupo Band, entre as duas candidaturas à Prefeitura de Curitiba, que restaram da eleição de 1o. Turno. O pleito do 2o. Turno ocorre em 27/10/2024.

Os dois postulantes pertencem ao campo da direita paranaense, embora a candidata Cristina faça questão de se apresentar ao eleitorado como a “mais de direita”. E durante esse dito debate preocuparam-se bastante em se fazer acusações e ataques abaixo da linha de cintura. Chegou-se ao ridículo de discutir quem seria mais ligado ao meio abalado bolsonarismo fascistoide

Como diz o velho ditado, “Pimentel no dos outros é refresco”, e, apesar de o neto do governador Paulo Pimentel falar muito em propostas, propostas, propostas, fato é que, se não há mobilização popular de cobranças e indignações, muita proposta que aparenta ser boa paa o povo, não sai do papel. Ou, pior, fica apenas no papel da propaganda eleitoral e nem vira projeto real, com recursos concretos para que se viabilize.

Quem aí se lembra do filme de terror de 1984 chamado “Gremlins”? Nele, há bichinhos que parecem ser ursinhos fofos de pelúcia, simpáticos e sorridentes. Porém, se lhes cair água em cima ou se forem alimentados depois da meia-noite, eles se metamorfoseiam em monstrinhos diabólicos, aterrorizantes, agressivos e bagunceiros na cidade toda (trailer do filme no youtube). Pois é, assim pode ser a candidata Cristina. Cristina Gremlin. Portanto, cautela.

Reminiscências da "Júlia"

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Degustando térmitas

No verão era comum nossa casa de Paranaguá (a maior parte feita de madeira) ser invadida por nuvens de milhares e milhares de cupins, cobiçosos de nos devorar paredes, portas, móveis, o que fosse feito de madeira para seus germes simbiônticos intestinais ajudarem na digestão. Claro que muitos desses insetos viravam banquete para as numerosas lagartixas correndo vorazes pelas paredes onde eles pousavam.
Para provocar nojo em minhas irmãs eu comia alguns térmitas ainda vivos, com asinhas e tudo. Ora, chineses comem essas coisas, cruas ou fritas. E no cultuado filme “Estômago”, com várias locações feitas em Curitiba, o personagem principal, que é cozinheiro e está preso, prepara uma farofa de formigas fritas para agradar seus colegas de cela; eles se lambuzam comendo o prato diferente, mas não ficam lá muito felizes ao saber qual o ingrediente principal da farofa…

Além disso, eu também oferecia refeições cupinzentas para Elizabeth, minha aranha de estimação, em seu terrário.



Piromania

Reconheço que, na infância em Paranaguá, eu tinha certo impulso mórbido por fogo. Inseria bombinhas juninas num buraco feito no caule do mamoeiro (havia muitos em nosso quintal) só para ver o efeito implosivo sobre a coluna central da indefesa árvore, o que levava minha mãe à perplexidade e momentos de cólera. Mas nunca levei surra por isso.
A surra que eu merecia foi quando, insensato, incendei um velho colchão de palhinha no porão, imediatamente abaixo de onde ficava, na parte de cima, a cozinha da casa.. Felizmente o fogo foi contido a tempo, ou poderia haver uma explosão daquelas por causa do bujão de gás da cozinha.
Mais tarde eu me limitei a usar controladamente um bico de Bunsen no pequeno laboratório químico no meu quarte.


Hey Jude e minha amiga da praia

Lá pelos fins de 68, fui convidado a uns dias na Praia de Leste, a convite de uma vizinha. Também foi a sobrinha dessa vizinha, muito jovial e já conhecendo algumas músicas e bandas daquela época. Uma das bandas eram os Beatles, e ela tinha um disco (acho que um compacto) com a famosa canção “Hey Jude”. Até então, eu nunca tinha conhecido a música. Minha amiga me chamou à sala para ouvir e eu, bobo – acostumado a só ouvir música brasileira dos anos 50 e 60 dos LP’s do meu pai (sessões domingueiras em casa) – detestei “Heu Jude”. Além disso, mal sabia inglês. Se não fosse tão conservador então, careta mesmo, provavelmente eu ouviria muitas sessões da playlist da turma de Liverpool. E talvez tivesse um tipo um pouco diferente de “sessões” com minha bonita amiga.


Abacateiro – plataforma de paraquedismo e moita de voyeurismo

Já escrevi antes, publicadas no Blog “Na Luta”, umas quatro “Crônicas do Abacateiro’, um dos meus refúgios na parte mais dos fundos do quintal da casa de Paranaguá. Talvez não tenha relatado que uma das ideias de piá doido foi testar se um guarda-chuva serviria como pára-quedas. Para isso, subi com dito cujo a um galho do abacateiro talvez a um galho a uns 12 metros do chão, abri o guarda-chuva e me atirei ao solo. Claro que me esborrachei, contudo a areia na frente da árvoes era fofa e só restei com umas escoriações num joelho. Entretanto, fiz o teste experimentando em mim mesmo. Mais sensato do que o padre de Paranaguá que queria subir aos ceús pendurado em centenas de balões de gás de festa infantil e desapareceu.
Sobre a questão do voyeurismo, deu-se porque um amigo meu havia comprado uma luneta e convidou a um outro e a mim para “frestar” uma moça cuja casa ficava a uns 20 metros distante do fundo do meu quintal, e, quase sempre que ela chegava da escola, trocava de roupa com a janela aberta. Bem,esta “experiência” dos meninos voyeuristas deu certo, e saímos contentes do fundo do quintal.